23 de jun. de 2020

Potências Negras por Bárbara Lima

Olá, sou Bárbara Lima, formada atriz, estudante de pedagogia e pesquisadora pelo centro de estudos periféricos - CEP, da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Fui convidada pela Nathalia Triveloni a falar um pouco sobre as minhas referências enquanto pessoa preta. Achei que a melhor maneira de começar é indicando materiais que nos façam refletir em como o racismo pode aparecer das formas mais veladas possíveis e o quanto é importante falarmos sobre o que pessoas negras fizeram ou fazem para combater toda essa estrutura racista.


como ser antirracista


Carolina Maria de Jesus – Diário de Bitita


Essa obra de Carolina é inspiradora para mim. Relata fatos de sua vida que ocorreram logo após a falsa abolição no Brasil, mostrando como o processo de genocídio preto se perpetua. Cita o racismo presente desde a violência policial em comunidades negras à pretos não poderem frequentar escolas. Além da obra ser um escudo para toda pessoa preta que resiste ao racismo cotidiano, o livro esclarece que a escravidão ainda continua presente, de outras formas ou igual. Carolina é atemporal e retrata nessa obra, como podemos resistir a essas mazelas e para pessoas brancas entenderem como o racismo está presente no dia a dia de qualquer preto, em absolutamente todas as esferas da vida humana. O mais interessante é a história ser narrada pela Carolina criança, onde era chamada carinhosamente de Bitita.



Carolina Maria de Jesus – Diário de Bitita


Baco exu do blues – Blvesman – Filme Completo


O curta-metragem blvesman, se inicia com um rapaz negro jovem correndo. Ao mesmo tempo que se passam cenas de vários momentos de sua vida. Para o senso comum da branquitude a impressão é que a qualquer momento ele vai levar um tiro, está sendo perseguido, ou algo parecido. Pois Baco dá um tapa na cara do espectador ao final, quando o rapaz só está atrasado para uma aula de música clássica. Na realidade, existem outros significados envolvendo o candomblé, religião de matriz africana seguida por Baco, mas essa reflexão deixamos para um outro momento.


O  clipe “Bluesman”, de Baco Exu do Blues levou o Grand Prix na categoria Entertainment for Music do Cannes Lions 2019. O GP é a premiação máxima do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, um dos eventos mais relevantes do mercado publicitário no mundo. 





Jarid Arraes – Heroínas Negras Brasileiras: em 15 cordéis


O livro reúne 15 cordéis que narram a vida de mulheres negras que fizeram história para a população preta na história do Brasil, são essas: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba. A obra é essencial para conhecermos grandes potências pretas que deveriam estar nos livros da escola. 



Jarid Arraes – Heroínas Negras Brasileiras: em 15 cordéis.


Djonga – Hoje não



Esse videoclipe do Djonga, vulgo Gustavo Pereira, faz referência ao acontecimento da morte da criança Agatha Félix de 8 anos, no complexo do Alemão no Rio de Janeiro em setembro de 2019, mas a narrativa final no clipe é invertida e quem ‘’morre’’ são arquétipos de um político, um policial e um burguês. Os arquétipos dos policiais sem rosto trazem uma licença poética nos fazendo refletir que mesmo eles sendo negros, ainda não tem uma visão de que, compactuando com esse genocídio, estão também apagando a si próprios. Além da letra trazer várias referências de crianças negras mortas, assim como Agatha, também deixa explícito que o problema do racismo e genocídio preto não é apenas de um indivíduo branco e sim de todos eles



Finalizo essa reflexão com um meme da página @escurecendofatos, que nos mostram que para ser antirracista ainda existem alguns degraus que a branquitude está querendo pular, ou seja, é um caminho muito longo pela frente, onde mesmo quando alcançarem esse lugar de antirracismo, ainda existem outros degraus para subir. 


como ser antirracista


   Post by Bárbara Lima  

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