14 de fev. de 2020

Parasita, uma análise feita por uma filha de pais coreanos

Parasita, uma análise feita por uma filha de pais coreanos
Poster art by Andrew Bannister

Desta vez não rolou cabine para o filme, mas li e ouvi tanto a respeito dele, que achei interessante comentar aqui sobre o tal filme sul coreano - Parasita. Sim, o que ganhou recentemente em 4 categorias no Oscar, sendo um deles, o principal, o de Melhor filme.

Como filha de coreanos, quis trazer um ponto de vista um pouco diferente das críticas que circulam por ai.
Nunca fui a tradicional coreana e tão pouco a fã de Kpop (desculpem aí, rs), mas aprendi o idioma em casa e na escolinha quando pequena - o que me ajuda a consumir diversos conteúdos coreanos há um tempo. Dito isso, preciso explicar alguns pontos antes de entrar na resenha do filme (aguenta aí heheh).



Se você é amante de Kpop ou doramas (as séries coreanas) talvez o filme não te cause tanto impacto, por já entender um pouco do mercado coreano, mas que mesmo assim, te surpreenderá. Se você é amante de cinema, esse filme deve fazer parte da sua lista, assim como de outros diretores coreanos.

Em São Paulo, a comunidade coreana é relativamente grande, o que me permite acesso a algumas amostras internacionais nos centros culturais. E foi assim, que passei a ir em alguns dos festivais de filmes coreanos e entender um pouco do estilo não Hollywood. Os filmes mais “famosos” sempre foram os de terror e os de ação, pela intensidade e veracidade das cenas. Quando tem sangue, é muito sangue! Quanto tem luta, é muita luta! E a tensão é sempre grande que mal dá para respirar.

Se são tão bons assim, por quê então os filmes coreanos nunca foram muito comentados ou com tiveram uma distribuição nos cinemas nacionais como está sendo agora com o ganhador do Oscar?

O Parasita retrata a diferença das classes sociais de duas famílias, e como a vontade de melhorar de vida a qualquer custo pode ter um alto preço. Ki-woon, o filho mais velho da família Kim, que vive na pobreza em um apartamento subterrâneo, vê uma oportunidade de trabalhar como professor particular para a filha de uma família rica, os Park. E é ai que a trama começa, vendo a chance de mudar de vida, ele elabora um plano para infiltrar toda sua família dentro da casa dos Park. Um filme tenso e leve ao mesmo tempo, que traz uma narrativa elaborada e surpreendente.

Mas, qual a novidade aqui? Por que tantos prêmios e burburinhos? 

A cultura coreana é ainda bastante conservadora e tradicional, principalmente nos filmes românticos! Para vocês terem uma ideia, não abordam cenas de sexo e até cenas de beijos mais quentes são raros. No entanto, a obra do diretor Bong Joon Ho é um mix do liberalismo ocidental com a tradição dos filmes de ação/thriller já conhecidos pelos coreanos. Uma mistura ousada pro mercado interno, mas certeira para o mercado internacional, ao meu ver. Ele consegue conquistar o público que ama um suspense/thrilled, os que gostam de um leve romance, e com seu enredo cheio de reviravoltas fica impossível não perder o fôlego.

Um outro filme bem parecido, que segue essa linha é o A Criada (The Handmaiden, em inglês) do diretor Park Chan Wook (o mesmo de Oldboy) que na sua estréia teve ótimas críticas e venceu o troféu Vulcão no Festival de Cannes de 2016. A trama acontece nos anos 30, época que o país foi ocupado pelo Japão, e traz temas como homossexualidade, opressão, e jogos de poder. Assim como Parasita, é um filme intenso que quebra muitas barreiras e é cheio de reviravoltas e muitas surpresas durante o filme.

Dica especial para quem chegou até aqui: se você for de São Paulo ou estiver pela cidade, pode encontrar o longa em exibição gratuita no Centro Cultural de São Paulo (CCSP) onde está rolando uma mostra de filmes coreanos do dia 11/02 até o dia 23/02. Vale a pena assistir outros filmes que estão em cartaz também!

Dica 2: tem bons filmes coreanos no Netflix, recomendo esses dois:

- Okja do mesmo diretor de Parasita, Bong Joon Ho, onde retrata a amizade de uma jovem com uma porca gigante, geneticamente modificada por uma poderosa empresa alimentícia.

- Drug King de Woo Min-ho, que tem como ator principal o mesmo do Parasita. É um filme um pouco diferente, mas baseado em fatos reais, e seguindo a onda das produções como Narcos e El chapo, conta a história de um líder do narcotráfico nos anos 70.

Me contem o que acharam dos filmes e se gostariam de mais dicas de filmes coreanos por aqui.


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